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  • Postado por: Gabriela Oliveira 9 de março de 2014



    Classificação: 4,5 estrelas
    Título original (em inglês, do original alemão): The Diary of a Young Girl
    Editora: BestBolso
    Autor: Anne Frank / edição por Otto H. Frank e Mirjam Pressler
    Nº de páginas: 373
    Tradução: Alves Calado
    Lançamento: 2013






    "O relato pessoal mais emocionante sobre o Holocausto continua surpreendendo e impressionando!"
    The New York Times Books Review

    "Esta edição é um memorial valioso para a humanidade."
    The Times

    "Um dos livros mais importantes do século XX."
    Guardian

    Como começar a escrever sobre esse livro?
    Pensei muito sobre isso.
    Essa edição caiu em minhas mãos através da minha irmã. Acho que se isso não tivesse acontecido, eu simplesmente não teria lido esse livro. Foram vários dias de leitura (com pouco tempo de dedicação cada dia) mas no momento em que terminei de ler o Posfácio e li a palavra "fim" abaixo, fiquei com o livro nas mãos durante um tempo pensando. Pensei muito. Todos deveriam ler esse livro, todos. É um livro emocionante, um relato real que te atinge de uma forma que é bem difícil explicar.

    Vamos ao enredo     

    Antes de falar do livro em si, quero contar um pouco em quê mundo Anne iria surgir.

    Em meados do fim da 1ª Guerra Mundial, em 1918, a Alemanha encontrava-se "rebaixada" e em crise. Após o país assinar o acordo de paz para manter o fracassado exército, (conhecido como o "Tratado de Versalhes") em que proibia a fabricação de todos os tipos de armas, obrigava um pagamento de indenização aos países vitoriosos pelos danos caudados pela guerra e devolução de terras conquistadas (em outras palavras invadidas), fez com que o país entrasse em desgosto e a população começou a se sentir revoltada com a situação.

    Adolf Hitler surge então. Defensor da supremacia da raça ariana, o mesmo alegava que a Alemanha deveria se reerguer com união, "num só povo, num só império, num só líder". Os judeus dentre outras etnias, segundo eles, deveriam ser executados. De acordo com Hitler, a 1ª Guerra foi um fracasso devido aos judeus que "invadiram" a Alemanha e roubaram o emprego do povo, levando as pessoas à miséria. Ele passou a influenciar e espalhar avidamente o fato de que a culpa daquele fracasso era dos judeus.

    O povo viu em Hitler a salvação do país, e o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães (no original Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei, NSDAP), também conhecido por Partido Nazi ou Nazista, uma abreviatura do nome em alemão (Nationalsozialistische) começou a governar e crescer sendo apoiado pelo próprio povo, que passou a aceitar a ideia(não sei se todos), junto a seu, mais tarde, proclamado Führer (líder), Hitler.

    Soldados e agricultores, moradores e novos alistados, de diversas classes sociais, tornaram-se então adeptos do novo partido, formando assim a Alemanha Nazista.
    Como ditador, Hitler passou a ordenar execução de milhares (que depois tornou-se milhões) de judeus, comunistas, soviéticos, homossexuais, negros, entre outros, dentro dos campos de concentração. Esse episódio é conhecido como o Holocausto.

    Em meio a isso, Anneliesse Marie Frank nasceu, em 12 de junho, de 1929 em Frankfurt em Main, na Alemanha. Devido ao Nazismo, Anne e sua família foram obrigados a abandonar a cidade e migrar para Amsterdã, na Holanda, que é onde se desenrola todos os eventos contados por Anne em seu diário.
    ANNE FRANK
    Em julho de 1942, Margot Frank (irmã de Anne) recebeu uma carta do Escritório Central de Emigração Judaica, ordenando que ela se apresentasse em um dos campos de concentração nazista.
    Os pais sem aceitar a situação, claro, decidiram que deveriam abandonar a casa e vidas atuais, as garotas abandonam a escola, e com ajuda de alguns amigos do pai, eles passaram a viver escondidos no anexo do prédio onde Otto Frank (pai de Anne) trabalhava, que Anne passou a chamar em seu diário como "O Anexo Secreto". Lá, a família Frank passou a viver ao lado da família Van Pels (chamados de van Daan no livro), e pouco depois com um dentista.
    CASA DA ANNE
    Os trabalhadores do escritório e alguns dos seus familiares, passaram a ajudar os confinados, fornecendo alimentos, roupas, objetos de necessidade básica, e outros. Com a guerra altamente ativa, a moeda pouco a pouco foi perdendo o valor, e pouquíssimo se pagava mesmo por ouro. Isso foi dificultando cada vez mais a vida daquelas pessoas, e o "Mercado Negro" era um dos instrumentos essências para que eles pudessem continuar vivendo. O roubo tornou-se comum e diário. 
    A única fonte de informações dos acontecimentos exteriores que eles recebiam, era de seus amigos, além do rádio que eles mantinham escondido.

    O que lemos nesse livro, é exatamente o que o nome diz, um diário. Nele, Anne narra das mais banais as mais emocionantes situações que viveu no Anexo Secreto, contou como as vezes os alimentos armazenados estragavam, como os amigos os ajudavam a conseguir alimentos, o esforço que eles faziam para não chamarem a atenção e viverem completamente escondidos. Havia vizinhança ao redor, por isso, assim que as famílias chegaram no prédio, cobriram todas as janelas, para que ninguém pudesse ver nenhuma fresta de luz ou movimento no interior.

    No decorrer, eles passam por situações terríveis, mas ainda assim, apesar dos problemas, tentam viver como uma grande família. São diversas brigas e desentendimentos entre eles. 


    PETER/ ANNE
    Anne vive até mesmo um romance com Peter Van Pels, e escreve em seu diário todos os sentimentos e desejos, a necessidade que ela passa a ter por estar ao lado do seu amor. Ela conta também, o desprezo que sente por sua mãe, e critica todos os moradores do Anexo sem exceção. No diário ela se expressava abertamente, contava todas as suas incertezas e angústias.

    Foram cerca de 2 anos de confinamento, e durante esse período, Anne escreveu até mesmo sobre sua sexualidade. Mesmo tendo tão pouca idade (de 13 a cerca de 15 anos, foi o período em que ela escreveu no diário) existe algumas passagens, que é difícil crer que podem ter sido escritos por uma adolescente, como ela mesma diz em tantos momentos, tão jovem e inexperiente.

    DIÁRIO DA ANNE
    DIÁRIO DA ANNE

    Confesso, que não concordei com muita coisa que Anne escreveu, principalmente com relação a sua mãe. Mas ao pensar no que todos eles passaram, as tantas dificuldades, a sensação de não poder sair, ficar preso em um local por quase dois anos... deve ser realmente angustiante.

    Com certeza uma das partes mais emocionantes do livro, é o final. É inexplicável, gente, inexplicável. Eu não sei definir o que senti. 




    Sobre o Posfácio do livro      

    Aviso de Spoiler - Se não leu o livro ainda, ou não conhece a história (o que acho improvável) não leia esse trecho.

    O que me deixou mais chocada, foi o fato de que apenas três dias após a última carta escrita por Anne, em 4 de agosto de 1944, figuras invadiram o prédio, dentre eles um sargento da SS uniformizado, e pelo menos três membros holandeses da Polícia de Segurança, armados, e prenderam todos que ali estavam, levando os objetos de valor e dinheiro que restava.
    Depois de presos, os oito moradores do Anexo foram levados para uma prisão em Amsterdã e depois transferidos para Westerbork, campo de triagem dos judeus no norte da Holanda. Em 3 de setembro de 1944, foram deportados e chegaram três dias depois em Auschwitz (Polônia).

    Hermann van Pels (van Daan), morreu na câmara de gás de Auschwitz em outubro ou novembro de 1944. E sua esposa, Auguste van Pels (van Daan) foi deportada de Auschwitz para mais dois lugares, indo parar em Theresienstadt, e provavelmente em outro campo de concentração depois disso. Não se sabe a data de sua morte.
    O que me deixou mais chocada, foi o destino do filho, Peter van Pels (van Daan), que foi obrigado a participar da Marcha da Morte, que para quem não sabe, foi uma deportação que judeus foram obrigados a fazer a pé, pois os nazistas, dentre outros "motivos", queriam poupar combustível. Foram momentos angustiantes de caminhada e pelo 2 milhões de judeus morreram durante o longo trajeto. Quando algum deles paravam de andar por extremo cansaço, eles simplesmente eram fuzilados. Houve uma fila interminável de mortos durante aquela marcha, e poucos eram enterrados em covas rasas, a maioria eram deixados para os abutres. Na marcha de 16 de janeiro de 1945, de Auschiwitz até Mauthausen (Áustria), Peter morreu em 5 de maio de 1945.
    Fritz Pfeffer (Albert Dussel (o dentista)) morreu em 20 de dezembro de 1944 no campo de concentração de Neugamme.
    Edith Frank (a mãe de Anne) morreu em Auschwitz-Birkenau, em 6 de janeiro de 1945 de fome e exaustão.

    Margot e Anne Frank foram transportadas de Auschwitz no fim de outubro para Bergen-Belsen. A epidemia de tifo irrompeu no inverno 1944-1945, matando assim Margot e alguns dias depois, Anne.

    Fim dos Spoilers

    Otto Frank foi o único a sobreviver aos campos de concentração. Depois da libertação de Auschwitz por tropas russas, ele foi repatriado a Amsterdã em 3 de junho de 1945, mudou-se em 1953 para Basileia (Suiça), casando-se mais tarde.
    Otto Frank morreu em 19 de agosto de 1980, depois de dedicar sua vida a passar o diário de sua filha para o mundo.

    Acho que esse livro é o que mais marquei, está quase inteiro com marcações feitas por mim! Eu pretendia colocar alguns trechos do livro aqui, mas o post já ficou muito longo, então simplesmente devo acrescentar: leiam.

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